Mesmo com mais dinheiro disponível para a prevenção e resposta a tragédias
relacionadas à chuva, o Brasil segue com dificuldade para executar essas
tarefas.
Só um terço da verba federal reservada para esse objetivo foi gasto ano
passado, situação causada principalmente por entraves burocráticos com Estados e
municípios no repasse dos recursos e elaboração de projetos.
Estão retidos nos cofres recursos destinados diretamente para Petrópolis
(RJ), onde o número de mortos após temporais subiu para 27. Essas verbas foram anunciadas em 2011, quando as chuvas mataram mais de 900
pessoas na região serrana do Rio --71 em Petrópolis.
Segundo balanço do governo do Rio, apenas quatro obras de contenção de
encostas na cidade foram entregues, no valor de R$ 4,7 milhões. Investimentos de R$ 66,6 milhões --que incluem verba de origem federal--
aguardam a conclusão de licitações ou a elaboração de projetos. Em todo o país, dos R$ 5,7 bilhões autorizados para programas relacionados a
desastres, só R$ 1,9 bilhão (33%) foi pago em 2012.
A verba estava reservada para tirar do papel obras preventivas como
construção de barragens e sistemas de contenção de cheias, além de mapeamento de
áreas de risco. Em números absolutos, o volume total de recursos liberado no ano passado
aumentou 52,5% ante 2011. Mas, como proporção dos recursos disponíveis, o dinheiro efetivamente gasto
foi o mais baixo desde 2008.
DILMA
Em Roma, onde participou da missa de abertura do pontificado do papa
Francisco, a presidente Dilma defendeu ações "drásticas" para remoções em locais
de risco. E disse: "Temos de oferecer condições para elas saírem."
Nenhuma casa popular prevista para receber os atingidos pelas chuvas de 2011,
porém, foi concluída.
O governo federal compartilha com Estados e municípios a dificuldade de usar
o dinheiro reservado no orçamento para este fim.
Cabem aos governadores e prefeitos apresentarem projetos específicos que
precisam ser analisados e aprovados antes de os recursos serem aprovados.
É nessa etapa, em boa parte dos casos, que os recursos ficam represados.
Ontem, novas promessas de liberação de recursos foram feitas. O ministro
Fernando Bezerra (Integração Nacional) afirmou que o governo vai destinar novas
verbas emergenciais a Petrópolis.
O vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, disse que o Estado vai
repassar R$ 3 milhões ao município hoje.
Em Petrópolis, não só a falta de verbas contribuiu para as mortes. Moradores
das áreas atingidas não respeitaram o sistema de alerta instalado nos locais,
uma das iniciativas que efetivamente saíram do papel. (FERNANDA ODILLA, ITALO
NOGUEIRA E LUCAS VETTORAZZO)
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