A blogueira cubana Yoani
Sanchez defendeu hoje, a parlamentares brasileiros, o fim do embargo econômico
dos Estados Unidos sobre seu país e se disse contrária à presença da Base de
Guantánamo em solo cubano.
Criadora do blog
Generación Y, Yoani é contrária ao regime cubano, e narra situações da vida
cotidiana em Cuba, incômodas para a ditadura dos irmãos Raul e Fidel Castro. Ao
mesmo tempo, ela mesmo é alvo de críticas de setores da esquerda favoráveis ao
regime castrista e que a veem como uma "mercenária".
"O embargo
norte-americano deve terminar já. Como método de pressão, é um fracasso. O
embargo é hoje a situação fundamental que o governo usa para mostrar seu
fracasso econômico. Defendo o fim do embargo para ver como o governo cubano vai
explicar seu fracasso", afirmou, em resposta a questionamentos do senador
Eduardo Suplicy (PT-SP) e do deputado Glauber Braga (PSC-RJ).
A passagem da blogueira
pela Câmara foi usada como palanque pela oposição. Mais de 20 parlamentares
oposicionistas se aglomeraram na mesa da comissão de Constituição e Justiça,
onde Yoani acompanhou a exibição parcial do documentário "Conexão Cuba
Honduras", do qual é uma das protagonistas.
Ao seu lado esquerdo ficou
o senador Aécio Neves (PSDB-MG), potencial candidato à Presidência em 2014.
Parlamentares conservadores, como Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Ronaldo Caiado
(DEM-GO) também marcaram presença. O senador petista Eduardo Suplicy (SP)
também estava no grupo.
Os parlamentares
praticamente não prestaram atenção nos menos de dez minutos do documentário que
foram exibidos num telão. Estavam mais preocupados em falar com a blogueira. O
som do vídeo também era abafado por gritos de grupos pró e conta a blogueira,
que entoavam coros no corredor ao lado do plenário.
A chegada de Yoani ao
Congresso foi bastante tumultuada, menos por manifestantes e mais pela presença
de dezenas de jornalistas e seguranças. Algumas pessoas caíram no chão, mas não
houve feridos.
Ao contrário da recepção à
blogueira em Pernambuco e na Bahia, havia oito manifestantes contrários à
cubana na Câmara, com bandeira de Cuba. Sobre os protestos contra ela, Yoani
disse que deixará o Brasil com "a lembrança do pluralismo".
"Os brasileiros são
como os cubanos, mas livres", disse. A vinda da blogueira aí Brasil ocorre
depois de anos de tentativas de autorização oficial para deixar Cuba.
Yoani foi recebida no
aeroporto de Brasília pelo deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), de quem recebeu uma
camisa do Brasil, e seguiu direto para o Congresso, onde participou, a partir
das 12h, na Câmara, de sessão de exibição do documentário "Conexão
Cuba-Honduras".
Foi esse o filme que
manifestantes impediram que fosse exibido, com a presença de Yoani, em Feira de
Santana (BA), na noite da última segunda (18).
A passagem da blogueira,
do diretor do documentário e de dois assistentes foram pagas pela Câmara dos
Deputados, segundo Otávio Leite, e não pelo PSDB, responsável pelo convite a
Yoani.
Ela é acusada por
manifestantes, essencialmente, de ser uma colaboradora dos Estados Unidos, com
o objetivo de desestabilizar o governo cubano. A principal evidência nesse
sentido, usada pelos manifestantes, é o registro de alguns encontros com
oficiais da representação americana em Havana, conforme revelaram telegramas
confidenciais revelados pelo Wikileaks.
No último dia 6, uma
reunião para discutir a chegada da blogueira ao Brasil foi realizada na
Embaixada de Cuba, em Brasília. O encontro foi revelado pela revista
"Veja". Na ocasião, CDs contendo um dossiê contra a cubana foram
distribuídos.
Um dos presentes era
Ricardo Poppi Martins, funcionário da Presidência da República. A Presidência
informou que ele participou da reunião por acaso e que, assim que soube que os
arquivos do CD não tinham relação com seu trabalho, "destrui-o" com o
auxílio de uma tesoura.
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